Documentário sobre a morte de Alcindo Monteiro no Bairro Alto em 1995 conquista o maior galardão do Festival
“Alcindo”, de Miguel Dores, conquistou o Grande Prémio Caminhos do Cinema Português. O documentário, que aborda o crime racial que chocou o país em 1995, foi escolhido pelo Júri com a justificação de ser “um filme significativo, que através de um impressionante trabalho de investigação com recursos limitados, parte de um acontecimento particular cujo entendimento profundo implica refletir sobre o passado, o presente e o futuro do nosso país”. Para além do Grande Prémio, o filme de Miguel Dores conquistou o Prémio Universidade de Coimbra – Melhor Documentário.
Entre os premiados, destaque para “A Metamorfose dos Pássaros”, de Catarina Vasconcelos, que conquistou quatro galardões (Menção Honrosa da Federação Internacional dos Cineclubes e os Prémios de Melhor Realização, Prémio Revelação e Prémio do Público – Crisótubos), e a curta-metragem “O Lobo Solitário”, de Filipe Melo, distinguida com três prémios: Melhor Banda Sonora Original, Prémio D. Quijote da Federação Internacional dos Cineclubes e Menção Honrosa do Júri de Imprensa CISION.
Sobre “A Metamorfose dos Pássaros”, o Júri aponta “a forma forma comovente e sensível com que a realizadora nos permite visualizar as emoções da perda”. Sobre “O Lobo Solitário”, é destacada a banda sonora de Filipe Melo e Legendary Tiger Man como “um elemento rítmico fundamental para o crescendo emocional do filme”.
Diana Neves Silva conquistou o Prémio GesMo de Melhor Atriz no filme “Luz de Presença”, enquanto Pedro Lacerda, pelo seu desempenho em “Terra Nova” e “A Arte de Morrer Longe”, conquistou o galardão de Melhor Ator.
Melhor Som
Pedro Marinho, “O Nosso Reino”
Pela sua intensidade e complexidade que contribuem de uma forma especial para o envolvimento físico do espetador no filme.
Melhor Realização
Catarina Vasconcelos, “A Metamorfose dos Pássaros”
Pela forma comovente e sensível com que a realizadora nos permite visualizar as emoções da perda.
Melhor Montagem
Tiago Simões e Marta Sousa Ribeiro, “Simon Chama”
Pela capacidade de condensar vários anos de rodagem em prol de uma narrativa coerente e cativante.
Melhor Guarda Roupa
Joana Cardoso, “A Arte de Morrer Longe”
A atenção à cor e aos detalhes são fundamentais para o desenho das personagens.
Melhor Fotografia
Miguel da Santa e Tiago Carvalho, “O Nosso Reino”
Pela atenção às texturas e ao trabalho hábil dos movimentos de camara, subtilmente coreografados na penumbra.
Melhor Direção de Arte
Fernanda Carlucci, “Clube dos Anjos”
A construção cenográfica expõe a verdade da personagem principal e contribui de forma realista para o entendimento da narrativa.
Melhor Cartaz
Delfim Ruas, “Simon Chama”
O autor, ao recorrer a uma iconografia que nos remete ao cinema americano, anuncia inteligentemente o universo cinematográfico que o filme concretiza.
Melhor Caracterização
Olga José, “Sombra”
A caracterização contribui de forma determinante para uma construção realista e credível da narrativa, marcando a passagem do tempo nas personagens.
Melhor Banda Sonora Original
Filipe Melo e Legendary Tigerman, “O Lobo Solitário”
A memorável contribuição da dupla torna a banda sonora num elemento rítmico fundamental para o crescendo emocional do filme.
Melhor Argumento Original
Diogo Lima, “Os Últimos Dias de Emanuel Raposo”
Pela forma como nos conduz numa viagem ficcional ao passado, enquanto se apropria de um imaginário televisivo reconhecível, este argumento diverte-nos com um conjunto anacrónico de referências e personagens de época.
Melhor Argumento Adaptado
Júlio Alves, “A Arte de Morrer Longe”
Pelo modo como preserva o uso da metáfora e a ironia que reconhecemos na obra de Mário de Carvalho.
Melhor Atriz Secundária
Rita Martins, “Simon Chama”
Pela amplitude emocional e pela subtileza com que Rita Martins retrata as diferentes dimensões da personagem ao longo dos anos.
Prémio ‘GesMo’ para Melhor Atriz
Diana Neves Silva, “Luz de Presença”
Pela entrega genuína ao filme, Diana Neves Silva traz-nos uma inacreditável força que se alia a uma monumental presença.
Melhor Ator Secundário
António Capelo, “Clube dos Anjos”
Pelo desempenho senatorial com que desenvolve a personagem em torno da qual todo o filme gira.
Melhor Ator
Pedro Lacerda, “Terra Nova”, “A Arte Morrer Longe”
Pelas suas duas excelentes prestações, que embora muito diferentes, são igualmente marcantes pela sua contenção no trabalho de ator.
Prémio Revelação ‘Fernando Santos Suc.’
Catarina Vasconcelos, “A Metamorfose dos Pássaros”
A primeira longa metragem da realizadora demonstra já um forte cariz autoral que nos leva a querer acompanhar o desenvolvimento da sua linguagem poética e sensível.
Prémio ‘União das Freguesias de Coimbra’ para Melhor Curta-Metragem
Diogo Salgado, “Noite Turva”
Pela forma segura como trabalha uma narrativa iminentemente visual, onde a quase ausência de diálogos reforça a sua riqueza simbólica.
Prémio ‘Turismo do Centro’ para Melhor Animação
Catarina Romano, “Seja como for”
Através de uma sofisticação sonora, aliada a um traço muito próprio, o filme aproxima-nos tocantemente ao tema da solidão.
Prémio ‘Universidade de Coimbra’ para Melhor Documentário
Miguel Dores, “Alcindo”
Partindo de uma investigação transversal em torno do assassinato de Alcindo Monteiro, o realizador consegue remeter o espetador para um exercício profundo de autoanálise enquanto cidadão, consciencializando-o das origens estruturais do racismo.
Prémio ‘Cidade de Coimbra’ para Melhor Ficção
Diogo Lima, “Os Últimos Dias de Emanuel Raposo”
Um filme de produção atípica, que se inscreve num género pouco explorado em Portugal, feito com recursos limitados e num local descentralizado, que retrata com autoironia uma série de referências datadas da cultura insular.
Menção Honrosa para Melhor Ficção
Arab Nasser e Tarzan Nasser, “Gaza Mon Amour”
Um filme que vale a pena destacar pela sua qualidade, tendo, porém, uma reduzida participação portuguesa, que impossibilitou que fosse considerado para outros prémios.
Grande Prémio do Festival
Miguel Dores, “Alcindo”
Um filme significativo, que através de um impressionante trabalho de investigação com recursos limitados, parte de um acontecimento particular cujo entendimento profundo implica refletir sobre o passado, o presente e o futuro do nosso país.
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