As decisões tomadas no Conselho de Ministros do dia 23 de Dezembro e a falta de coerência na comunicação das medidas têm prejudicado a actividade de todo o setor cultural português. O cinema em particular, por ser uma arte popular entre os mais diversos públicos, sofreu enormes quebras de afluência com a obrigatoriedade de apresentação de um comprovativo de teste laboratorial negativo ou da realização de um auto-teste sob supervisão.
A comunicação, por lapso, da Direção Geral de Saúde do dia 28 de Dezembro – que permitia o acesso a estes recintos culturais com a apresentação do certificado digital de vacinação – deu um pequeno sinal de esperança a todos os exibidores de cinema do país.
Nessa noite, em que se celebra a invenção do cinematógrafo e a primeira exibição pública de cinema, comprovou-se como os portugueses mantêm a sua confiança nos cinemas e na arte cinematográfica como espaços seguros onde, além do entretenimento, é possível realizar uma missão de desenvolvimento pessoal e colectivo através da difusão cultural e da sua discussão.
A poucas horas de se iniciar um novo Conselho de Ministros vêm as entidades abaixo assinadas, sensibilizar o Governo de Portugal e as autoridades competentes, para os estudos independentes que na sua generalidade atestam os cinemas como espaços seguros com baixíssimas probabilidades de infecção por COVID-19, sobretudo porque:
O uso de máscara;
Todos os espectadores estão dispostos na mesma orientação;
O ar é renovado várias vezes por hora (no caso do tecido associativo as salas recebem uma única sessão diária).
Assim, a apresentação de um teste negativo para o acesso a um espetáculo cinematográfico pode ser considerado um excesso de zelo, sobretudo quando a generalidade dos exibidores está disponível a reduzir a lotação das salas. Acresce ainda a discricionariedade que essa medida tem face a outras atividades do quotidiano (uso de transportes públicos, acesso à restauração ou comércio, entre outros).
A forma como as medidas são comunicadas aos cidadãos e aos promotores cinematográficos têm lançado a confusão generalizada, impossibilitando a boa preparação das actividades e sobretudo afastado os públicos das salas de cinema.
Poder-se-ia pensar que os prejuízos das medidas restritivas em vigor entre 25 de Dezembro e 9 de Janeiro, seriam compensados pelo alargamento dos apoios do Programa Apoiar.PT, mas tal verifica-se uma falácia, dado que “os apoios adicionais previstos na Portaria 317-B/2021 destinam-se apenas aos beneficiários que já tenham candidaturas aprovadas nas medidas do referido programa”.
A Exibição de Cinema em Portugal, além do tecido empresarial, é realizada por milhares de entusiastas – associações, cineclubes, cooperativas – que cumprem com o importante papel de complementar a oferta em sala e descentralizar o acesso à cultura.
Não se conhecem contágios nas nossas Salas. Assim afirmamos que A Cultura é Segura. O Cinema é Seguro.
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